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domingo, 14 de dezembro de 2014

Caruru, Amaranto, Bredo: Espinafre grátis

Tem muita coisa gratuita nesse mundo. Agressão gratuita, amostra grátis, entrada franca, até abraços grátis a gente encontra na rua. Já comia de graça, só em boca livre. (Mas no fim, tem alguém pagando por tudo isso). De graça mesmo, só verdura nascendo no quintal. Ou na rua. Por isso, fique de olho nos espinafres, ou bredo, ou caruru, ou amarantos. O nome que você quiser, na boca é tudo a mesma coisa: espinafre. Do bom. De graça.

Você foi enganado a vida toda achando que comendo espinafre ficaria forte igual ao Popeye. Se espinafre é uma boa maromba, me digam os nutricionais. Mas da parte botânica, que é onde meto meu bedelho, má notícia: o espinafre que se come por aqui não é o espinafre do Popeye. É que aqui se popularizou a planta de nome científico Tetragonia tetragonioides, sob o nome de espinafre-da-nova zelândia. Mas ele é totalmente diferente do espinafre verdadeiro.

Spinacia oleracea, espinafre verdadeiro.

Espinafre da Nova Zelândia,
o nosso espinafre do mercado, da feira...
Praga na agricultura, comum em qualquer horta, o caruru ou bredo nasce feliz onde tiver terra e sol pra ele crescer. Não é uma grande boniteza, mas cresce muito fácil e produz muito, muito. Muitas espécies de caruru ou bredo, parentes do amaranto, possuem folhas comestíveis, na realidade, a grande maioria. Você conhece algumas: beterraba e acelga. Ainda, comemos os grãos do amaranto e da quinoa, mas as folhas são comestíveis também, desde que cozidas.

Dos nossos, consumimos mais as folhas e os grãos. As folhas são deliciosas e muito boas, iguais as do espinafre. As sementes são comestíveis também, no arroz, no pão ou na vitamina.

Das hortaliças não-convencionais, temos uma grande quantidade de membros do gênero Amarantus: A. deflexus, A. viridis, A. spinosus, A. hibridus. Todos eles chamados popularmente de caruru ou bredo, dependendo da região do Brasil que você mora. Se você já arrancou um monte deles do seu quintal, remoa-se: jogou comida fora.

Amaranto na calçada.

Outra espécie, de flores longas e pêndulas. Arbusto alto.

Outra espécie, Amaranthus hybridus. Mais chamativa.

Amaranthus hybridus, esse ganhei da Neide Rigo, de Piracaia.
 Parece crista de galo, celósia, mas não é.
Basta bater as flores para ter as sementes pretas,
nutritivas e saborosas, cozidas junto do arroz. 
A literatura indica altos valores de cálcio, magnésio, bons teores de proteínas, muitas fibras e uma boa dese de vitamina C e carotenóides. Oba!

O consumo é simples, como qualquer espinafre: sempre cozido. Nada de saladas nem sucos verdes, portanto. A explicação é simples: o cozimento remove saponinas, nitratos e ácido oxálico. Vale lembrar que o verdadeiro spinach também tem todos esses compostos. O que os cozinheiros chamam de branqueamento é o ideal para remover as toxinas e deixar só as coisas boas na verdura: ferva água, adicione a verdura, deixe por alguns segundos e escorra, voltando pra água fria. Descarte a água, nela estão as substâncias indesejadas. 

Na rua, variedade rasteira. 

Variedade rasteira, moita densa.
O cultivo é fácil, basta jogar as sementes na terra e esperar. Gosta de muito sol, pouca água e locais ventilados. É uma das poucas plantas que não deve ser adubada - ela converte o adubo em toxinas. Então, nada de colocar esterco. Ou seja, é ideal para plantar em solos pobres, onde nada mais nasce.

Receitas? Qualquer uma que use espinafre. Lasanha, molhos verdes, quiches, tortas, bolos, sopas, pães, empadas. Branqueie na água fervendo, como expliquei anteriormente, pique fininho e prepare como preferir. Refogadinha no alho fica muito boa.

GUIA DE IDENTIFICAÇÃO
Amaranthus  deflexus, A. viridis, A. spinosus, A. hibridus, A. blitus, A.  Erva, de até 100cm de altura, caule ereto, muito ramificado, folhas simples, alternadas, de borda serrilhada. Caules verde ou avermelhados, com ou sem espinhos. Flores em espigas na ponta dos ramos, em geral na cor verde ou parda (exceto A. hybridyus). Sementes marrons e negras muito pequenas.  


LOCAL DE OCORRÊNCIA

Locais ou a pleno sol, pouco umidos a secos, nunca encharcados. De preferencia, solos pobres e sem adubação.


MODO DE PREPARO

Folhas e talos jovens, cozidos, escaldados ou branqueados. Sementes, inteiras.

33 comentários:

  1. E se eu usar a àgua pós branqueamento para regar a horta? É prejudicial?

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  2. Que legal, quando eu era criança tinha montes disso no quintal. Minha mãe já tinha me ensinado que era comestível, na época em que ela era criança as pessoas ainda buscavam sua comida nos matos.

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  3. aqui em casa tem esse de horta bonito folhas arredondada,não sei se pode comer e tbm te um igual o amarato so que as flores ficam duras,vou posta fotos

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  4. Eu tenho um tipo de Caruru que não aparece nas fotos. Como saber se ela é boa pra consumo?

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  5. Sou nordestina e minha mãe fazia bredo e berdoega para comermos, é gostoso. Como conseguir sementes?

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    1. Meu Pai Falecido. Chefe De Cozinha 5 Estrelas Internacionais:Fazia Eu E Meus Irmãos Comer Quando Éramos crianças, Caruru....

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    2. Meu Pai Falecido. Chefe De Cozinha 5 Estrelas Internacionais:Fazia Eu E Meus Irmãos Comer Quando Éramos crianças, Caruru....

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    3. Os escravos comeram isso teve alguns que viveram mais de 100 anos

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  6. Sou nordestina e minha mãe fazia bredo e berdoega para comermos, é gostoso. Como conseguir sementes?

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  7. Vocês enviam sementes grátis de hortaliças?

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  8. Aqui em casa tem demais,cresce fácil

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  9. aki em casa so nasce as q tem espinho poder come as folhas

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    1. Oi Lis, eu ouvi dizer que essa com espinho não se come.Não sei se é verdade. Pesquise mais a fundo antes de comer para não ter problemas.

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Pode sim. Esse e o caruru de espinhos.

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  10. Vcs não responderam nenhuma das indagações feitas acima. São as mesmas minhas. 😰

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  11. No meu quintal tem bastante. Agora vou começar a consumir. Antes só comia na semana santa, quando morava no nordeste.

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  12. Sou de São Paulo, capital, e quando eu era ainda gurizinho já era familiarizado com os matinhos de calçadas, e claro que um deles era o amaranto. Crescí e virei homem na santa ignorância, não sabia, até o presente momento, que aquele "mato" é comestível. Se soubesse, com certeza jamais o teria desprezado, até porque gosto muito de espinafre, tanto do verdadeiro quanto do falso nativo da Nova Zelândia. Aliás, muito obrigado por mais essa informação, porque nunca entendí a razão daquele espinafre que consumimos no Brasil (o neozelandêS), tivesse um sabor um pouco diferente do verdadeiro, levemente "apimentado" ou picante. O verdadeiro tem um sabor neutro, não tem essa picância e pode ser até consumido cru em saladas (apesar de ser recomendado que seja consumido cozido por causa do oxalato, extremamente nocivo para quem tem tendência a ter pedras nos rins). Gostei muito da maneira da qual a postagem foi escrita, direta, sem firulas. Mais uma vez, muito obrigado por me educar sobre o valor nutritivo do amaranto.

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  13. E os que tem manchas pretas, é comestível também?

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  14. Amei o caruru, comi aquele que tem espinho, fiz bem cozido.

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  15. Em Minas, na regiao onde morro, chamamos de Caruru. Ha uns trinta anos, eu adorava fazer Caruru picadinho, refogado com ovo e farinha de mandioca. Depois me esqueci e hoje resolvi pesquisa-lo e ei que amei saber da necessidade do branqueamento. Adorei!!!

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  16. Conheço desde pequena. Minha mãe fazia muito. Faz muitos anos que não vejo mais. Chamávamos de bredo

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  17. Hummm vou fazer tambem, misturado com mastruz!😜😜

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  18. O Amaranthus retroflexus pode ser comido?

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