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segunda-feira, 21 de setembro de 2015

Oficina: Identificação de Plantas Alimentícias não Convencionais – PANC’s



Oficina Sábado agora, dia 26/09, Sesc Belenzinho, as 10h. Inscrições devem ser feitas meia hora antes.

"Plantas alimentícias não-convencionais são aquelas plantas esquecidas, que sumiram das feiras e das hortas. Resistentes e persistentes podem ser encontradas nascendo até nas calçadas, nos quintais não capinados ou em vasos esquecidos.  Esta atividade propõe um resgate dessas hortaliças, legumes e frutos, apresentando seu cultivo e consumo e mostrando como inseri-los no nosso dia-a-dia."

Para saber mais, clique aqui!

domingo, 20 de setembro de 2015

Oficina no CCSP e um bolo de amoras frescas


O calor em São Paulo não está fácil esses dias, mas o que esperar do inverno mais quente dos últimos 50 anos? Nesse dia lindo de sol, a horta do CCSP foi o cenário perfeito pra nossa oficina - PANC: biodiversidade na alimentação

Sempre com encontros e reencontros, e volto a repetir, como é bom fazer o que gostamos! Foi uma oficina extremamente prática: realizamos uma volta na horta, para identificação das plantas, voltando o mais rápido possível para a sombra, porque não estava fácil. Entendemos o que é biodiversidade alimentar, como cultivar as PANC, princípios de botânica e a função das plantas ruderais na natureza.

No final da nossa roda, degustação de bolo de inhame, amora e flor de pata de vaca, torta salgada de ora pro nobis, banana da terra e girassol e chá de flores.




Bolo de inhame, amora e flor de pata de vaca (Para um bolo grande. Eu fiz meia receita.)

- 4 xícaras de farinha de trigo
- 2 xícaras de açúcar
- 1 xícarar de inhame finamente ralado
- 2 colheres de fermento em pó
- 1 xícara de óleo
- 2 xícaras e meia de água filtrada
- 3 colheres de sopa de gergelim preto
- 1 xícara de amoras frescas
- 1 xícara de flores de pata de vaca

Preparo:
1. Misture o açúcar e a farinha e reserve.
2. Adicione o óleo, a água e misture delicadamente até homogeneizar. Essa massa precisa ficar um pouco densa, para absorver a umidade das amoras.
3. Adicione o gergelim, o inhame e misture bem. Adicione o fermento.
4. Adicione as amoras e as pétalas da pata de vaca, e misture delicadamente.
5. Coloque a massa em forma untada e enfarinhada e asse em forno 180º em média por 50 minutos, ou até estar no ponto usando o teste do palito (palito sair limpo).

Flores perfumadas de pata de vaca.

A pata de vaca, pra quem não conhece.

Flores limpa e amoras frescas.

Amoras, quanto mais frescas, melhor.
A amora vila geléia, o inhame deixa molhadinho.
Mosaico de frutas

Torta salgada de ora-pro-nobis, cúrcuma e banana da terra

- 1 polegada de cúrcuma fresca ralada ou 1 col sobremesa cheia de cúrcuma em pó
- 2 bananas da terra em cubos (usei assada na brasa, mas pode ser crua)
- 2 copos de folha de ora-pro-nobis em fatias finas
- 3 colheres de sopa de semente de girassol
- 1 cebola em cubos pequenos
- 3 e 1/2 xícaras de farinha de trigo
- 2 colheres (sopa) de fermento químico
- 1 colher (chá) de sal
- 2 xícaras de água
- 2/3 de xícara de óleo


Preparo:
1. Misture a curcuma, o sal, a farinha e reserve.
2. Adicione a água, o óleo e misture até homogeneizar. (Isso pode ser feito no liquidificador, colocando os líquidos primeiro e na sequencia, os ingredientes do passo 1.)
3. Adicione o fermento.
4. Adicione as folhas, a cebola, a banana e o girassol e misture o menos possível.
5. Coloque em uma forma enfarinhada e untada. Decore com folhas de ora-pro-nobis
5. Asse em fogo 180ºC em média por 50 minutos, ou até estar no ponto usando o teste do palito (palito sair limpo).

Torta de ora-pro-nobis, cúrcuma, banana da terra e girassol.
Fatia da torta.

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Kinjo Yamato: um incrível mercado no centro

Passear pelo centro é um programa fantástico. Recebi o pessoal da Other Food esses dias aqui em SP, e fomos, obviamente, conhecer a biodiversidade alimentar da cidade.Todos sugerem: vá conhecer o Mercadão! Eu digo: vá, mas conheça primeiro o Kinjo Yamato, ou Mercadinho da Cantareira.

Esse mercado é histórico, data do mesmo período do mercadão, o primo rico que fica ao lado. O local é mais modesto, e isso se reflete nos preços, que são bem mais acessíveis. Quem já foi no Mercadão sabe que uma compra banal de poucas frutas pode superar uma centena de reais, ou seja, não é um mercado popular. O Kinjo, por sua vez, possui preços bem mais em conta, e uma ampla biodiversidade. Não espere vinhos e queijos raros, mas sim legumes e hortaliças diferentonas.

O mercado possui esse nome em homenagem a um imigrante japonês, em comemoração aos 80 anos da imigração japonesa no país. Essa homenagem é justificada, porque a maior parte dos comerciantes e dos produtos são de acento oriental: inhames, berinjelas, cogumelos, temperos e verduras.

Se ficou com vontade de ir, basta atravessar a rua, ainda na Cantareira, e ficar de olho na fachada modesta, bege, que indica o local. Ele é escuro por dentro, tem um clima nostálgico e uma arquitetura única, feita com ferro britânico ao estilo da Estação da Luz. O local, diferentemente do Mercadão, sofre com a falta de manutenção e um relativo abandono, mas vale completamente a visita. Apenas fique atento ao horário, porque ele abre antes do sol nascer e fecha logo depois do almoço. As únicas lojas abertas depois disso são a de pimentas, bebidas e lanches. Aliás, o pastel é bem gostoso! Não chegue depois das 13h ou vai se frustrar. Quanto mais cedo, melhor.

Encontram-se lá orgânicos ao final de semana, e de dias correntes, encontra-se uma grande variedade de ingredientes pouco convencionais. Com sacola na mão fotografar é difícil, então acredito que não fui capaz de fotografar todas as lindas coisas que há por lá. Faltaram os mini-legumes, os vegetais chineses, a berinjela tailandesa, as abóboras coloridas, o inhame-côco, as pimentas, os cogumelos, as frutas exóticas.

(Fotos, todas, da Bruna de Oliveira)

Eu e a Andreza, do Other Food, felizes com nosso jatobá.
Vista do mercado
Canistel

Noni

Granadilla

Acelga chinesa

Favas libanesas frescas

Chuchu negro

Batata doce violeta

Berinjela bolinha

Nigauri, amargo e saboroso

Abóbora d'agua

Tomate amarelo

Crisantemo comestível

Frutos de gravatá.




domingo, 13 de setembro de 2015

Oficinas no XI Congresso de Nutrição Funcional

Abobrinha com cúrcuma e batata doce, patê de capuchinha e
mastruço, doce de batata roxa e chá primavera. 

Acho engraçado quando conto que levo pelo menos três dias para cozinhar para um evento, e que mais da metade desse tempo eu não passo na cozinha. Quem cozinha com ingredientes tradicionais tem tudo à mão, seja num mercado de bairro, seja num empório para ingredientes mais exclusivos. 

As PANC não se enquadram em nenhuma dessas categorias - não são exclusivas nem comuns. São, aliás, tão comuns, que há pouca gente produzindo e pouca gente vendendo. Afinal quem vai dar-se ao trabalho de vender o que cultivar aquilo que nasce sozinho? Preferem a dificuldade de cultivar um delicado alface à resiliente major-gomes, bertalha e ora-pro-nobis. Vá entender.

Ou seja, se vou cozinhar com PANC pra muita gente, surge o problema da escalabilidade. Onde encontrar matérias primas? Na minha rua tem, claro, mas o ideal seria colher de um amniente limpo e saudável, que não uma calçada. E assim foi a peregrinação pelos produtores, praças e hortas de São Paulo. Deu certo? Deu. Cansou? Muito. Foi bom? Foi ótimo!

Esse, acredito, é o maior entrave para quem quer uma alimentação mais variada, mais saudável e mais diversa, mas não tem tempo para peregrinar por hortas e produtores. Temos as feiras de orgânicos, mas ainda é pouco. Precisamos aprender a girar a engrenagem da produção, gerando demanda e gerando produção. E, para isso, o MUDA-SP é um forte ator.

O MUDA-SP em parceria com o XI Congresso de Nutrição Funcional fez um evento lindo, ligado à agroecologia, culinária saudável e alimentação. Fui convidado para duas oficinas com as PANC, trabalhando especialmente com as nutricionistas. Estava um tanto receoso, porque não fazia ideia de qual seria a recepção do público em relação a esse tema.

A oficina rolou no Centro de Convenções do Shopping Frei Caneca, e ocupamos um andar inteiro com açõs agroecológicas, oficinas de culinária saudável, degustações, rodas de conversa, vídeos, plantio de mudas comestíveis e muitas energias positivas sendo trocadas. Como é o ano internacional do solo, adotaramo lema Solo Fértil, Água Pura, Alimento Saudável.

Para minha surpresa, praticamente todas as presentes já conheciam as PANC e estavam interessadissimas. Digo no feminino, porque na platéia as mulheres em público majoritário. Algumas inclusive trabalham com as PANC, o que me deixou muito feliz e com um sentimento de gratidão enorme. E compartilharam essa sensação: estava um clima tão gostoso, de troca, de gentileza, de cuidado. As oficinas que me antecederam falaram de saúde, de orgânicos, de biodiversidade, de vida. Foi incrível!

Servimos, na primeira oficina, palak aloo, ou creme de espinafre-d'água e taioba com cubos de inhame. Ainda, servimos uma salada de feijão guandu e aprendemos como preparar a tanchagem, que combinou muito bem com os sabores fortes que a acompanharam. Levei aquele chá que amo, feito de flores como hibisco, rosas, flor de tangerina e ipê, que a cada gole levanta o astral de quem prova. Ainda não estou com as fotos em mãos, mas em breve divulgo as receitas.

Na segunda oficina, fizemos canapés de abobrinha, cúrcuma e folha de batata doce refogada. Para companhar, tivemos um doce violeta de batata doce roxa com leite de coco e patê de mastruço, capuchinha e mostarda silvestre. No final, as pessoas resolveram ousar e foi abobrinha com doce de batata doce, capuchinha com batata doce... e todos provando e testando novos sabores. 


capuchinha com creme de batata roxa e coco

folha de batata doce refogada, rica em antioxidantes


Mãe linda dando uma grande força no evento. Te amo!

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Feijões: Para colher basta plantar

De baixo para cima, partindo das sementes
pretas: mucuna, feijão de asa, feijão de porco,
orelha de padre branca e guandu liso.

Todos os feijões são parentes, botanicamente, pertencendo a o grande grupo das fabaceas, e separados em pequenos subgrupos. Aliás, o termo certo para os membros desse grupo é leguminosa. Pois é, leguminosa não é aquilo que produz legume no sentido comum da palavra, e sim, para a família dos feijões. Inclui-se grão de bico, soja, lentilha, ervilha, favas, feijão-de-lima, leucena, e por aí vai.

Esse grupo alimentar tem grãos ricos em proteínas vegetais de alta qualidade, servindo como base de alimentação de vários povos ao longo da história. Os feijões de metro na Ásia, assim como a soja; o grão de bico, a fava e a lentilha no Oriente médio; a ervilha na Europa; os feijões na América; o guando, o mangalô e outros na África. Aliás, podem ser consumidos os grãos secos, verdes, as vagens, ou ainda extrair dos grãos fibras, amido e proteínas, para queijos vegetais. Os usos, como é possível perceber, são múltiplos.

O grupo dos feijões, ou leguminosas, tem como característica comum a capacidade de criar seu próprio adubo. Como assim? As raízes atraem bactérias benéficas do solo, fornecendo abrigo a elas. Nas raízes, formam-se nódulos que são verdadeiros hotéis para essas bactérias do bem. O feijoeiro fornece nutrientes e as bactérias, em troca, retribuem com adubo nitrogenado. O equivalente vegetal do esterco. Por isso que os feijões crescem em solos pobres, arenosos, compactos, porque eles mesmos fazem a própria "comida", ou boa parte dela. Falei mais sobre isso na postagem sobre o feijão mangalô.

Ganhei, nos últimos tempos, feijões pra adubar e feijões de comer. Alguns deles são não convencionais: feijão de asa, feijão guandu, feijão-de-porco, feijão mangalô. O único dos que ganhei que não se come, embora tenha propriedades medicinais e seja esporadicamente consumido, é a mucuna-preta, onde diz-se que torrada e moída é usada como substituto do café.

Tudo que plantei foi um feijão de cada, e veja só a colheita. O guandu e a mucuna produzem muito, muito. Do guandu já falei aqui e aqui e aquiO feijão-de-porco produz pouco por pé, algumas vagens apenas. Mas comestível, se colhido verde, tenro, e depois cozido. O feijão de asa é mais delicado e não produziu muito, mas vou falar dele em outra postagem.

Feijão de Porco

Mucuna preta.

Feijão de asa.

Orelha de padre, branca. Ou Mangalô, ou lablab.

Feijão Guandu.
Um pouco de tudo
Uma semente de cada. Não me dei ao trabalho de contar, mas o guandu deve ter chegado a mais de 1000 sementes na primeira colheita, e ainda há mais por vir. A mucuna não é de comer, mas é um dos feijões com as flores mais lindas que já vi. E fortalece o solo.

A natureza é generosa. Plantando, tudo dá. Mesmo que seja só uma semente, em solo pobre. Plante!
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